Tarde Folclórica "Sebastião Trindade" - 34º Festur (04/09/2022)
Sebastião Trindade
O
Precursor da Cultura, do Folclore e da Religiosidade Popular de Turmalina.
A cidade de Turmalina respira cultura, tradição e folclore desde o tempo do Arraial da Piedade.
Não são poucos os personagens que aparecem na nossa história como verdadeiros guardiões da fé, da dança, da reza, da cantoria, dos folguedos, das festas populares e tradicionais. Nomes como Zé da Viana, Rafael da Vovó, Zé Teixeira e tantos outros aparecem com frequência nas rodas de conversa sobre as nossas grandes manifestações folclóricas e culturais.
Mas o nome que influenciou praticamente todos os nossos mestres de oficio de danças e cantorias é o de Sebastião Trindade.
Natural de Poté mudou-se ainda novo para Turmalina. Casado com Lúcia Ferreira de Carvalho. Tinha três Filhos: Maria da Piedade carvalho Trindade, José Trindade e Luzia Trindade. Relatos orais citam a participação do Jovem Sebastião Trindade nas festas na região de Chapada do Norte, Minas Novas e principalmente em Turmalina. Registros históricos revelam o seu gosto pelo tambor, pela caixa de folia, pelas fitas do folclore, pelas brincadeiras tradicionais e pela religiosidade popular.
Nas suas andanças pela região, sempre voltava para Turmalina trazendo na mochila algo para acrescentar nas festividades. Além de ter sido um importante capitão dos Tamborzeiros do Rosário sempre acompanhado pelas Baianas, trouxe a dança dos Caboclinhos, o incentivou os Ternos Folias, a Guarda Romana, etc.
Nas celebrações da semana santa era ele que mobilizava os atores para as encenações: Procissão de encontro, procissão de enterro, via-sacra, paixão de Cristo. Reunia homens e meninos para irem pro mato buscar varas para preparar as lanças dos soldados romanos. Com os mesmos cuidados, preparava também as vestimentas e as máscaras que eram chamadas de caretas.
Mas novenas, nas festas de padroeiros, quermesses e domingadas ele era o gritador de leilões mais animado e o puxador das cantigas e das brincadeiras.
Sebastião Trindade também era artesão: Gostava de fabricar vinhos, licores caseiros, doces e instrumentos musicais que eram usados nos eventos populares.
Sempre que alguém pergunta pra um líder folclórico da cidade como começou a dança do seu grupo, na maioria das vezes a resposta é a mesma:
- Quem trouxe isso pra cá foi Sebastião Trindade.
De onde veio a dança de fitas?
- Sebastião Trindade trouxe lá da Mata e ensaiou com a gente. A primeira apresentação foi na festa do Divino.
A dança da Marujada como surgiu?
- Sebastião Trindade trouxe de Chapada do Norte em 1906.
E os Caboclinhos do Mato?
- Sebastião Trindade trouxe do Norte de Minas em 1945.
E a Queima do Judas? E o Pau de Sebo?
- Antes quem mexia com isso era o Sebastião Trindade. Depois ele passou pro Rafael da Vovó.
E as brincadeiras juninas?
- Antes quem mexia com isso era o Sebastião Trindade. Depois ele passou pro Rafael da Vovó.
Sempre tem um dedo de Sebastião Trindade na história. Um nome sempre citado, mas pouco reconhecido pelo tanto que fez pela nossa Cidade.
Por isso, reunimos hoje todos os fazedores de cultura, seus sucessores para mostrarmos a nossa gratidão e o honrarmos com a nossa dança, nossas cores, nosso canto e a nossa poesia.
Essa tarde folclórica é o nosso jeito de dizer ao Sebastião Trindade que o seu trabalho não foi em vão e que continuamos colhendo frutos das sementes que ele semeou. E sempre continuaremos plantando e replantando nessa terra fértil de múltiplos saberes e fazeres culturais.
Sebastião Trindade vive e revive em cada verso jogado, em cada tambor repicado, em cada fita que balança, cada joelho dobrado, em cada bandeira festejada, em cada ginga e em cada dança!
Viva Sebastião Trindade! Viva Turmalina!
34°
FESTUR – Festival da Canção em Turmalina
Resistência
de uma gente que se sabe arte, diversidade e cultura.
Tarde
Folclórica Sebastião Trindade
RESUMO HISTÓRICO DOS GRUPOS FOLCLÓRICOS DE TURMALINA
(Gilmar Souza)
TAMBORZEIROS DO ROSÁRIO
A origem do grupo dos Tamborzeiros
de Turmalina teve forte influência da Festa dos Rosário dos Homens Pretos de
Minas Novas e de Chapada do Norte.
Em 1814, iniciou-se construção da Igreja do
Rosário de Turmalina e em 1815 aconteceu a primeira festa do Rosário tendo como rei o Padre João Gonçalves Mendes e
como Rainha Dona Jacinta Gonçalves Mendes. Não tem festa do Rosário sem Tamborzeiros.
Então, segundo relatos históricos, os responsáveis por esta primeira festa
recorreram aos Tamborzeiros de Minas Novas para que o grupo daqui fosse
criado. De lá pra cá foram vários os capitães e vários reinados que
fizeram ecoar o som do tambor. Passando de geração para geração, temos como
destaque Sebastião Trindade, repassando
posteriormente ao Zé da Viana, e depois para o seu filho João Viana e
atualmente está sob o comando do Capitão Ildeu, também filho do Zé da Viana.
Inicialmente, o grupo era composto por vários homens e algumas mulheres. Vale destacar que há uma grande participação de adolescentes e jovens. Todos usam como instrumentos tambores, xique-xiques, pandeiros e rapaduras de couro, batucando, dançando e cantando refrãos que fazem referência à cultura afro e ao culto a Nossa Senhora do Rosário. Tradicionalmente, eram acompanhados de duas baianas; com o tempo quantidade de baianas aumentou e hoje são muitas as que acompanham o grupo. Em Turmalina se apresentam na Festa do Rosário, no Festival da canção e em outros eventos culturais.
GRUPO DAS BAIANAS.
As Baianas são personagens que representam as mulheres que amimavam as festas tradicionais nas senzalas com suas danças, rezas e crenças. São Símbolos da resistência, da persistência e da presença das mulheres no tempo da escravidão. O traje típico das baianas é uma mistura da cultura portuguesa, africana e islâmica. As saias rodadas e anáguas engomadas são inspiradas no estilo das senhoras portuguesas. Já os colares, pulseiras e badulaques vêm da cultura africana. Além de servir como ornamentos, representam o fechamento do corpo contra os males e a proteção dos orixás.
A partir do século XIX, no Brasil, a cultura das Baianas foi incorporada nas celebrações religiosas: Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, São Jorge, Santa Efigênia e outros. Antes, as manifestações aconteciam somente nos terreiros, nos quilombos e outros eventos especificamente promovidos por movimentos afrodescendentes.
Em Turmalina, a representação vem desde as primeiras festas do Rosário, sambando na frente dos Tamborzeiros, elas vão enfeitando o batuque com a ginga, a dança e o brilho. Além da presença tradicional na Festa do Rosário, se apresenta também em outros eventos do nosso calendário cultural como o FESTUR. E se você quer saber o quê que a Baiana tem, podemos começar dizendo que ela tem história.
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Grupo Resgate dos Saberes – Nosso Povo Resgatando a Cultura
A comunidade de Campo Buriti e as
comunidades vizinhas fazem parte de um povo que preserva variadas tradições e a
que mais prevalece é a dança de roda com cantoria. É uma dança divertida que
foi criada em função da comunicação. Por volta dos anos 50 quase não existia
namoro, afeto, carinho entre os pretendentes. Os casais mal se cumprimentavam.
O máximo que acontecia era um aperto de mão. Era o que os pais permitiam.
Foi aí que inventaram a dança de roda
para facilitar a aproximação.
Inventava um verso, jogava pra pessoa
que gostava e a convidava pra entrar na roda formando pares. Enquanto dançavam,
aproveitavam pra ficar de braços dados. Logo virou costume em todos os eventos
da região. No começo os pais das moças ficaram desconfiados: Só as deixavam
dançarem na presença deles e somente com pessoas conhecidas.
O verso era a forma de dar um recado,
expressar um sentimento naquele momento,
por exemplo: amor, ciúme, raiva, etc.
Semeei o sal na horta
Todo dia eu vou lá ver
Procê casar com esse moço
Só se eu ver o sal nascer.
Menino quando ocê for
Dê lembrança e vai passando
Diga lá pro meu amor
Que
saudade tá me matando.
E
assim por diante... Com a chegada de outras danças o povo foi perdendo o
costume de brincar e a tradição ficou enfraquecida.
Com a formação do Grupo Resgate de
Saberes, a 10 anos atrás, estamos
retomando as brincadeiras, pois além de ser um dos valores culturais da
comunidade é também uma verdadeira terapia. A arte de decorar e cantar versos é
boa pra exercitar a mente e preparar para as próximas festas populares.
Brincar de roda é invento, é alegria, é dança, é música, é uma forma de expressar sentimentos e uma maneira de cada um se sentir autor de sua própria história.
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GRUPO MANGANGÁ
É uma roda de batuque e cantoria muito
comum na região do Galego, Gentio, Vendinhas e mais algumas comunidades de
Minas Novas e Capelinha. Os integrantes mais velhos do grupo relatam que os seu
antepassados diziam que a dança veio das influências indígenas dos povos Aranãs
e dos negros quilombolas da região.
Essa é uma das importantes heranças
culturais desses antigos ancestrais.
Seus componentes são: O Capitão, o puxador da Cantiga
e a Tribo (grupo de tocadores e cantadores).
O Capitão que vai a frente da
tribo marcando o compasso da dança com seu apito e a sua espora. O puxador da
cantiga tira o verso que a tribo responde. A tribo vai atrás do Capitão tocando
os instrumentos e cantando versos de improviso de acordo com a festa na qual se
apresenta.
O nome da dança é inspirado em um Besouro
preto chamado “Mangangá”, que é conhecido por fazer um barulho notável quando
movimenta as suas asas.
O
Mangangá do Gentio se formou a partir da criação da comunidade na década de 80,
por meio do Padre Silvano e Padre José Lávia. Além do Mangangá a comunidade mantem viva a
festa do Padroeiro São João Batista, outras tradições como o giro do Divino, as
danças dos Nove, Caboclo, Vilão e outras. As apresentações acontecem nas festas
tradicionais, religiosas e em outros eventos culturais.
Cantadores, Tamborzeiros e caixeiros, das
vendinhas, do Galego, de Macaúbas, de Bem-posta e outros descendentes das
marujadas e das bandas de taquara da região, ajudaram na formação de vários grupos
de Mangangá, dentre eles, o da comunidade do Gentio.
Assim como o Besouro preto Mangangá não
passa despercebido por onde voa, é difícil não notar a presença do grupo quando
ele chega na festa com a sua dança, as
suas caixas, seus tambores e suas
cantigas.
Viva o Mangangá!!!
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GRUPO DE FOLIAS DE TURMALINA
O grupo surgiu em 2002 e desde então
vem realizando um importante trabalho de preservação de várias danças
folclóricas e manifestações de fé como Folia de Reis, Folia do Divino, do
Rosário, de São João, o terço cantado, as toadas de mutirão (maromba).
O
grupo surgiu com a mudança de alguns integrantes da zona rural para a cidade,
estes realizavam estas tradições em suas comunidades de origem, e se uniram
para manter a tradição. A motivação para a formação do grupo veio do senhor
José Luiz (Zé de Eva), que cantava na comunidade de Gouveia onde morava.
Com o incentivo da APLAMT, por
meio do programa “Casinha de Cultura” o grupo ganhou força com adesão de várias
pessoas e com o resgate de brinquedos e brincadeiras tradicionais e folclóricas.
Atualmente o grupo é coordenado por Antônio Carvalho.
Além do giro normal que acontece no tempo das folias, o grupo participa das festas culturais da cidade, mantém tradição do terço cantado, anima as festas de padroeiros, realiza ações beneficentes e se preocupa, sobretudo em manter viva a tradição deixada pelos seus antepassados.
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MARUJADA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
A marujada é uma dança folclórica
antiga da qual, na nossa região, tradicionalmente só participam os homens.
Sabe-se que o canto representa a vitória dos cristãos sobre os invasores
mouros, na Península Ibérica, no final da Idade Média. É a comemoração da
vitória do catolicismo sobre os mulçumanos. É a representação dos marinheiros
perdidos no mar, enfrentando grandes batalhas. São homens simples, do povo, que
canta músicas, ora tristes, ora alegres, dançam, brincam de marinheiros que
enfrentam os perigos do mar e os inimigos de guerra. Segundo a tradição esta
guerra vencida pelos cristãos resultou na devoção a Nossa Senhora, a quem foi
atribuído vários milagres que levaram os cristãos a vitória. Por isso suas
apresentações acontecem, na maioria das vezes, durante as festividades
religiosas, principalmente, durante a Festa de Nossa Senhora do Rosário.
Segundo relatos a dança
veio da Bahia para a cidade vizinha de Chapada do Norte em meados de 1870. De
lá, ela foi trazida para Turmalina no ano de 1906. Atualmente o responsável
pelo grupo é o Sr. José Agrair, tendo como Capitão Emérito o Sr. Antônio
Gonçalves dos Reis (Antônio da Arlete).
Os componentes do grupo
apresentam-se sempre vestidos de branco, tendo sobre a roupa um saiote azul
celeste (representando as vestes de Nossa Senhora). Além disso, trazem na
cabeça, um capacete com espelho também enfeitado de fitas coloridas
(representando o folclore). Além do mestre, o contramestre e o capitão, o grupo
é composto por duas filas, com quatro cantadores de cada lado, os cantos são
tirados e respondidos por igual número. Possui quatro vozes distintas: Primeira,
Segunda, Contralto e Requinta, que são acompanhados por viola, pandeiro e
tambor. Não há uma quantidade definida de membros, além dos quatro cantores,
mais gente pode entrar na fila, desde que devidamente trajado e engajado.
Tradicionalmente apresentam-se principalmente na festa do Rosário, porém
apresentam-se também em outras festividades.
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CABOCLINHOS DO MATO
Segundo o folclore, Caboclinho do
Mato ou Capitão do Mato é o nome dos Caiporas que moram nas florestas. Os caboclinhos
do mato protegem as matas de caçadores ou qualquer outra pessoa que queira
fazer mal a floresta, porém eles ensinam os segredos da mata para as pessoas
que protegem a natureza. Com suas travessuras os Caboclinhos afugentam os
invasores ou faz com que se percam na mata.
Segundo fontes orais o grupo surgiu
aproximadamente no ano de 1945, primeiramente comandado pelo Sr. Sebastião
Trindade, posteriormente pelo Zé da Viana. A família Viana continua firme em
seu propósito de manter viva essa manifestação folclórica, atualmente Ildeu
Viana está à frente do grupo.
A dança é apresentada por um grupo de
crianças representando os índios. Segundo o livro Memórias, de Maria Norma
Lopes de Macedo, “outrora se vestiam com folha de coqueiro e se mascaravam.
Chegavam de surpresa no momento do mastro, dançavam e se comunicavam num
dialeto indígena, depois desapareciam evitando reconhecimento. Com o grupo de
índios dançavam ainda o Cacicão, o Papai-vovô e a Mamãe-vovó.” Hoje o grupo é
um pouco diferente. Os integrantes vestem saiotes vermelhos enfeitados com
penas coloridas, a Arapuca que antes era feita com Cipó São João, hoje é feita
com mangueiras enfeitadas. Entretanto ainda são mantidos traços principais. No
final de cada apresentação quando fazem sua “trança de cipó” (Arapuca) erguendo
no alto o Caciquinho, os caboclinhos saem as ruas pedindo “patacas” (dinheiro).
Os componentes são crianças de 7 a 12
anos, o dirigente, o seu ajudante e o violeiro. A dança é sempre aos pares; Os
dois últimos caboclinhos de cada fila são o Trinado e o Ziaque, eles são
chamados pelo dirigente na hora de iniciarem a evolução. O chefe dança e grita:
Catacumba! Os caboclinhos ao dançar vão fazendo a trança de cipó, pegam o
caciquinho colocam sobre a arapuca (trança de cipó) e, jogando-o para cima,
cantam. Cada caboclinho tem o seu arco e flecha e o seu bodoque. A sua
apresentação principal é na Festa do Divino, porém apresentam-se em outras
festividades.
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GRUPO UNE
Nós somos o Grupo UNE – Unidos Nós Estaremos.
Antes de começar, vamos contar um pouquinho da nossa história.
A Dança de Fitas, também conhecida
como “Dança do Pau de Fitas” ou “Trança Fitas” é uma dança de origem europeia,
chegou às Américas, trazida pelos portugueses e espanhóis. É uma tradição
milenar, datada de antes de Cristo.
Era comum nas festividades rurais
europeias em comemoração às colheitas e à fertilidade. Em alguns países era
realizada em celebração à chegada da primavera.
No Brasil é bastante presente na
região sul, mas há registro dessa manifestação em vários municípios do Vale do
Jequitinhonha em anos anteriores.
Em
Turmalina, segundo consta, ocorre desde o século XIX e desde 1998 é conduzida
pelo Grupo UNE.
No significado das cores encontramos
afetividade e poesia. O vermelho representa o amor, a paixão, o divino... o
amarelo representa o ouro, a ostentação, o desejo... o branco representa a
união perfeita das outras cores e do próprio casal, que por toda a dança, se
entrelaça como símbolo de saudação e clamor ao mastro.
Ao longo de 24 anos de existência, o UNE,
acrescentou várias Brincadeiras de Roda ao seu repertório de danças
folclóricas. Também realizou 17 edições da Queima do Judas e Pau de Sebo,
Debates Políticos, Campanhas do Agasalho e Natal Solidário e diversos trabalhos
em parceria com entidades sociais e escolas. Por isso, estamos aqui hoje.
Convidamos a todos a assistir a Dança
de Fitas, a cantar e brincar de rodas com a gente.
Viva a cultura popular!!
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