GRUPOS FOLCLÓRICOS DE TURMALINA-MG

A tradição folclórica em Turmalina vem passando de geração em geração. Caboclinhos, Marujos, Tamborzeiros, Folias, danças típicas são representantes da cultura popular do município. Os grupos folclóricos se apresentam em diversas festas religiosas do município, no FESTUR e em várias cidades da região.

Turmalina possui 05 grupos folclóricos em atividade na sede do município, são eles: Grupo UNE (Dança de Fitas), Marujada, Tamborzeiros e Baianas, Caboclinhos e o Grupo de Folia. Na zona rural os grupos em atividade são: Folia de São Sebastião em Poço d’água; Mangangá do Gentil; Dança de Rodas do Buriti; Folias de Reis e do Divino nas comunidades de Córrego São João e Morro Redondo e o Grupo Kolping em Caçaratiba que promove ações sociais e culturais.

Existem ainda vários grupos inativos como as pastorinhas na sede e em Caçaratiba; Mangangá na comunidade de Poço d’água e José Silva e Folia de Reis nas comunidades de Bigode, Olhos d’água, Poço d’antas, Macedos e Santana (também conhecida como Córrego dos Farias possuía além da Folia de Reis a Folia do Divino).

 

CABOCLINHOS

Segundo o folclore, Caboclinho do Mato ou Capitão do Mato é o nome dos Caiporas que moram nas florestas. Os caboclinhos do mato protegem as matas de caçadores ou qualquer outra pessoa que queira fazer mal a floresta, porém eles ensinam os segredos da mata para as pessoas que protegem a natureza. Com suas travessuras os Caboclinhos afugentam os invasores ou faz com que se percam na mata.

Segundo fontes orais o grupo surgiu aproximadamente no ano de 1945, primeiramente comandado pelo Sr. Sebastião Trindade, posteriormente pelo Zé da Viana. A família Viana continua firme em seu propósito de manter viva essa manifestação folclórica, atualmente Ildeu Viana está à frente do grupo.

A dança é apresentada por um grupo de crianças representando os índios. Segundo o livro Memórias, de Maria Norma Lopes de Macedo, “outrora se vestiam com folha de coqueiro e se mascaravam. Chegavam de surpresa no momento do mastro, dançavam e se comunicavam num dialeto indígena, depois desapareciam evitando reconhecimento. Com o grupo de índios dançavam ainda o Cacicão, o Papai-vovô e a Mamãe-vovó.” Hoje o grupo é um pouco diferente. Os integrantes vestem saiotes vermelhos enfeitados com penas coloridas, a Arapuca que antes era feita com Cipó São João, hoje é feita com mangueiras enfeitadas. Entretanto ainda são mantidos traços principais. No final de cada apresentação quando fazem sua “trança de cipó” (Arapuca) erguendo no alto o Caciquinho, os caboclinhos saem as ruas pedindo “patacas” (dinheiro).

Os componentes são crianças de 7 a 12 anos, o dirigente, o seu ajudante e o violeiro. A dança é sempre aos pares; Os dois últimos caboclinhos de cada fila são o Trinado e o Ziaque, eles são chamados pelo dirigente na hora de iniciarem a evolução. O chefe dança e grita: Catacumba! Os caboclinhos ao dançar vão fazendo a trança de cipó, pegam o caciquinho colocam sobre a arapuca (trança de cipó) e, jogando-o para cima, cantam. Desmancham a arapuca sempre cantando e dançando, o dirigente chama o Trinado e o Ziaque, um passa por dentro, outro por fora, enquanto os guizos (que são amarrados na perna direita) fazem barulho. Cada caboclinho tem o seu arco e flecha e o seu bodoque.

A sua apresentação principal é na Festa do Divino, porém apresentam-se em outras festividades.

 


DANÇA DE FITAS

 

A Dança de Fita, manifestação milenar de origem europeia, instalou-se em nosso país nos estados do sul, através dos imigrantes no século passado. Essa manifestação é uma reverência feita à árvore, após o rigoroso inverno europeu. Nas aldeias, os colonos, no prenúncio da primavera, realizavam a Dança de Fita para homenagear o renascimento da Árvore. Tradição muito antiga dos povos açorianos, trazida ao nosso país pelos portugueses e espanhóis, é também praticada em outros países das Américas, do México até a Argentina. A coreografia desenvolve-se como uma ciranda onde os participantes que orbitam ao redor de um mastro central, durante a translação em ziguezague, vão trançando as fitas, encurtando-a até que fique impossível prosseguir. Faz-se então o movimento contrario, destrançando as fitas. A coreografia segue o ritmo dos instrumentos musicais, como sanfona, violão e pandeiro. A Dança da Fita tinha sua própria música, uma marchinha acompanhada por violas, rabecas, entre outros instrumentos, por causa da regionalização, passou a ter variações na música e nos instrumentos. No Brasil teve grande popularidade durante as festas de Reis, do Divino, do Natal, do Ano-Novo. Hoje, embora mais rara, ainda é encontrada em vários pontos do país, recebendo nomes diversos, como: trancelim, dança-do-trancelim, dança-da-trança, dança-do-mastro, trança-fita, vilão, trançado, engenho ou moinho. Esta dança se disseminou nos estados do Sul. No Rio Grande do Norte aparece no final do bumba-meu-boi, com o nome de engenho-de-fita. A dança de fitas apareceu no município de Turmalina em meados do século XX, aproximadamente no ano de 1910. Sua primeira apresentação é datada de 1920 pelo Sr. Sebastião Trindade, e desde 1999 vem sendo apresentada pelo Grupo de Jovens UNE – Unidos Nós Estaremos. A dança é composta por um grupo de 16 pessoas, sendo 8 homens e 8 mulheres, vestidos com roupas de algodão cru, confeccionados com assessórios as cores vermelho e amarelo e dançam em torno de um mastro com 3m de altura, que tem nele um arco decorado com fitas também nas cores vermelho e amarelo.

 



MARUJADA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO


A marujada é uma dança folclórica antiga da qual, na nossa região, tradicionalmente só participam os homens. Sabe-se que o canto representa a vitória dos cristãos sobre os invasores mouros, na Península Ibérica, no final da Idade Média. É a comemoração da vitória do catolicismo sobre os mulçumanos. É a representação dos marinheiros perdidos no mar, enfrentando grandes batalhas. São homens simples, do povo, que canta músicas, ora tristes, ora alegres, dançam, brincam de marinheiros que enfrentam os perigos do mar e os inimigos de guerra. Segundo a tradição esta guerra vencida pelos cristãos resultou na devoção a Nossa Senhora, a quem foi atribuído vários milagres que levaram os cristãos a vitória. Por isso suas apresentações acontecem, na maioria das vezes, durante as festividades religiosas, principalmente, durante a Festa de Nossa Senhora do Rosário.

Segundo relatos a dança veio da Bahia para a cidade vizinha de Chapada do Norte em meados de 1870. De lá, ela foi trazida para Turmalina no ano de 1906. Atualmente o responsável pelo grupo é o Sr. José Agrair, tendo como Capitão Emérito o Sr. Antônio Gonçalves dos Reis (Antônio da Arlete).

Os componentes do grupo apresentam-se sempre vestidos de branco, tendo sobre a roupa um saiote azul celeste (representando as vestes de Nossa Senhora. Além disso, trazem na cabeça, um capacete com espelho também enfeitado de fitas coloridas (representando o folclore). Além do mestre, o contramestre e o capitão, o grupo é composto por duas filas, com quatro cantadores de cada lado, os cantos são tirados e respondidos por igual número. Possui quatro vozes distintas: Primeira, Segunda, Contralto e Riquinta, que são acompanhados por viola, pandeiro e tambor. Não há uma quantidade definida de membros, além dos quatro cantores, mais gente pode entrar na fila, desde que devidamente trajado e engajado. Tradicionalmente apresentam-se principalmente na festa do Rosário, porém apresentam-se também em outras festividades.

 


TAMBORZEIROS E BAIANAS

 

Não se sabe ao certo a data aproximada e como surgiram os Tamborzeiros em nosso município. Segundo o livro Memórias, de Maria Norma Lopes de Macedo, inicialmente quem trouxe a tradição dos tamborzeiros foi o Sr. Sebastião Trindade, repassando posteriormente ao Zé da Viana, e depois para o seu filho João Viana e atualmente está sob o comando do Capitão Ildeu, também filho do Zé da Viana.

Inicialmente, o grupo era composto por vários homens e algumas mulheres. Vale destacar que há uma grande participação de adolescentes e jovens. Todos usam como instrumentos tambores, xique-xiques, pandeiros e rapaduras de couro, batucando, dançando e cantando refrãos que fazem referência à cultura afro e ao culto a Nossa Senhora do Rosário. Tradicionalmente, eram acompanhados de duas baianas; Recentemente a quantidade de baianas aumentou e hoje são muitas as que acompanham o grupo. Em Turmalina se apresentam na Festa do Rosário, no Festival da canção e em outros eventos culturais esporádicos.

 


GRUPO DE FOLIAS DE TURMALINA

 

O grupo surgiu em 2002 e desde então vem realizando um importante trabalho de preservação de várias danças folclóricas e manifestações de fé como Folia de Reis, Folia do Divino, do Rosário, de São João, o terço cantado, as toadas de mutirão (maromba).

O grupo surgiu com a mudança de alguns integrantes da zona rural para a cidade, estes realizavam estas tradições em suas comunidades de origem, e se uniram para manter a tradição. A motivação para a formação do grupo veio do senhor José Luiz (Zé de Eva), que cantava na comunidade de Gouveia onde morava.

Com o incentivo da APLAMT, por meio do programa “Casinha de Cultura” o grupo ganhou força com adesão de várias pessoas e com o resgate de brinquedos e brincadeiras tradicionais e folclóricas. Atualmente o grupo é coordenado por Antônio Carvalho.

Além do giro normal que acontece no tempo das folias, o grupo participa das festas culturais da cidade, mantém tradição do terço cantado, anima as festas de padroeiros, realiza ações beneficentes e se preocupa, sobretudo em manter viva a tradição deixada pelos seus antepassados.

 



PASTORINHAS

 

As Pastorinhas foram introduzidas no Brasil pelos jesuítas no século XVI. Essa dança folclórica de origem portuguesa compõe-se de representações coloridas e movimentadas com cantos e danças dramatizados principalmente por moças, que seguem a Belém com o intuito de homenagear o menino Jesus, por isso estas representações tem as festas natalinas por referência.

Assim sendo essa tradição natalina foi se expandindo pelo Brasil afora e teve grande difusão no Nordeste e Sudeste do Brasil devido à atuação da Companhia de Jesus. Mesmo depois da expulsão dos Jesuítas, com o passar dos anos, a dança foi se adaptando aos contextos em que ia se inserindo. As Pastorinhas fazem parte da tradição cultural popular do Natal. Os integrantes do grupo representam os personagens dos presépios (anjo, estrela, florista, o anjo, o pastor, a pastora, a camponesa, a cigana, o velho, as pastorinhas, José e Maria). Elas visitam lugares onde foram montados presépios e cantam louvores ao Menino Jesus. Também recolhem esmolas, distribuem flores e dançam. As pastorinhas se dividem em pares, sendo um grupo vestido de branco com aventais azuis e outro, com aventais vermelhos, saúdam o Deus Menino, cantando, dançando e tocando pandeiro ao visitar as casas com presépio armado. Na oportunidade, os dois grupos disputam para ver qual consegue mais donativos. Os componentes do grupo são: o anjo, o pastor, a pastora, a camponesa, a cigana, o velho e as pastorinhas.

Em Turmalina atualmente essa tradição está adormecida, porém, segundo consta, há relatos de apresentação das pastorinhas desde os tempos que a cidade ainda era Arraial da Piedade. Apresentavam-se no natal, em comemoração ao nascimento de Jesus. No distrito de Caçaratiba há um grupo que apesar de não fazer apresentações constantemente, continua vivo e em condições de retornar à ativa.

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